segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Irreverente

Saudades de quando as luzes da cidade quase ofuscavam minha visão e traziam à tona uma espécie de tesouro prometido. Miragens nostálgicas de desejos há tempos guardados nas gavetas da memória de um sonhador insuperável. Quando o brilho incandescente o faz conhecer lugares que existem apenas em suas fantasias...
Hoje, porém, estas luzes me parecem tão fracas e trêmulas, mal posso enxergar a profundidade do caminho à frente. Não, não são as luzes que sabotam minha visão, mas meus próprios olhos, entorpecidos na areia do que deveria ser e não é. De fato triste, o dia da descoberta que somos escravos do inevitável, que nossos esforços serão limitados, não importando nosso empenho...
Escravos? Recusarei tal papel. Reconheço o caminho oferecido a mim e a opção de tomá-lo ou refutá-lo. Mas sei também que independe da escolha final, pois é minha compreensão que define sentido à experiência. Se o que deveria ser e não é passa por mim retirando a luz, serei então meu próprio rochedo e farol. Minha jornada nunca será tão longa que não desejarei percorrê-la e se meu tesouro prometido não está aqui, o encontrarei lá.

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